Conselhos para os novos Auxiliares de Conversación
Segue-se uma pequena lista de conselhos para os futuros Auxiliares de Conversación, os quais compreendem períodos como antes da partida, primeiros dias, aulas e e alguns comportamentos a evitar.
PARA ANTES DA PARTIDA:
- Abre a tua mente. Durante a tua estadia vais familiarizar-te com a vida quotidiana do novo país, aprender como as escolas funcionam (assim como o sistema educativo) e adquirir experiência num novo projecto.*
- Reúne algumas questões sobre o teu futuro trabalho, para que sejam respondidas o mais depressa possível. Alguns exemplos são:
- Qual é o tamanho da escola?/ Como se compõe?/ Onde é que fica a papelaria, a reprografia, a cantina/ bar, o Concelho Executivo?
- Qual é o ambiente geográfico e sociocultural da escola?
- Esta escola está geminada com alguma do meu país?
- A escola tem algum site?
- Qual é a idade dos alunos?/ Em que ano estão?/ Em que área de estudos?
- Que disciplinas são bilingues? (trata-se de disciplinas não-linguísticas que vão ser leccionadas na tua língua, como por exemplo matemática, ciências, físico-química, etc.)
- Qual é o meio de transporte mais conveniente para ir para a cidade desde o meu país? Qual o meio de transporte mais conveniente para ir para a escola?
- Quais as opções de alojamento mais acessíveis?
- Quem é que eu devo contactar quando chegar?/ Quais vão ser os meus professores?
- Qual é o contacto dos antigos Auxiliares de Conversación?/ Deixaram alguns materiais?
- Qual vai ser o meu horário (dias e horas)?/ Onde é que eu vou ficar (Departamento de Português, sala de professores, etc.)? O que é que vai estar à minha disposição (computadores, folhas, canetas, etc.)?
- ...*
- Qual é o tamanho da escola?/ Como se compõe?/ Onde é que fica a papelaria, a reprografia, a cantina/ bar, o Concelho Executivo?
- Procura conhecer antigos Auxiliares de Conversación da tua escola ou região.*
- Procura conhecer outros Auxiliares de Conversación que vão para a mesma cidade, região ou país (partilhem a vossa ansiedade e expectativas).*
- Conhece antecipadamente a tua futura escola e cidade. Procura informações na Internet sobre projectos, estudos, etc.*
- Traz um conjunto de informações básicas sobre a tua cidade, zona, região, etc (sê o melhor embaixador):
- fotografias da tua família, amigos, casa, cidade, região, universidade; mapas, brochuras/ panfletos, cartões postais, cartazes; um horário escolar; jogos; notas e moedas diferentes das do país para onde vais;
- imprensa escrita: jornais e revistas nacionais e locais, revistas para crianças e adolescentes, revistas e jornais de estudantes, banda-desenhada, livros visuais, livros desportivos, boletins metereológicos, menús, receitas culinárias, horóscopos, programações de espectáculos, rádio, televisão;
- áudio: gravações áudio de poemas, lenga-lengas, histórias e músicas; anúncios radiofónicos; áudiolivros;
- áudiovisuais: excertos de noticiários, videoclips, DVDs com Karaoke; anúncios televisivos;
- Ligações/ Sites úteis sobre a tua zona;*
- fotografias da tua família, amigos, casa, cidade, região, universidade; mapas, brochuras/ panfletos, cartões postais, cartazes; um horário escolar; jogos; notas e moedas diferentes das do país para onde vais;
- Traz documentos relacionados com as tuas áreas de interesse, passatempos ou estudos universitários que possam interessar aos alunos;*
- Traz contactos úteis de professores da tua antiga escola primária/ básica/ secundária. Poderão ser úteis para futuros intercâmbios, projectos de troca de cartas, visitas de estudo, etc;*
- Pensa em possíveis maneiras de aproveitar o teu tempo livre. Vais ter imenso tempo para viajar, ler, praticar desporto, fazer algum curso, estudar on-line, encontrar um novo passatempo, socializar, etc.;*
- Elabora um orçamento pessoal para cobrir as tuas despesas (renda, transporte) até receberes o teu primeiro ordenado.*
- Finalmente, começa um blog ou algo do género para contares aos teus amigos e família o teu dia-a-dia (vai-te poupar centenas de e-mails);*
PARA OS PRIMEIROS DIAS:
- Prepara-te para teres algum trabalho: fazer o documento de estrangeiro, abrir uma conta bancária, ter acesso à Internet, alugar um apartamento, etc. Mas, recorda, uma vez feito, já não vais ter de te preocupar mais.*
- Sem dúvida, uma das coisas mais difíceis e importantes vai ser encontrar um sítio para viver. Por isso, fala com professores da tua escola e pede-lhes sugestões, preços, lugares, formas de partilhar, etc. Certamente saberão melhor do que tu. Podes começar com algo provisório até decidires onde queres ficar definitivamente.*
- Procura conhecer bem o teu bairro e sítios úteis para fazer compras, ir ao Banco, praticar desporto, tomar um copo, combinar com amigos, etc. Uma visita ao Posto de Turismo local será certamente uma boa opção.*
- Lembra-te que o Coordenador Bilingue é a pessoa que vai gerir a tua estadia, horário, documentos oficiais, seguro de saúde, etc. Qualquer situação importante deve ser-lhe dirigida. Toma nota do seu horário e informações de contacto de modo a poderes localizá-lo caso precises.*
- Além do Coordenador Bilingue, podes ter outro “mentor”, por isso encontra alguém do Departamento de Língua Estrangeiras que gostarias de seguir.*
- Procura conhecer pessoas importantes o mais depressa possível (Director da Escola, Coordenador Bilingue, Chefe de Departamento, Professores bilingues, etc.).*
- Cria uma rede de relações:
- na escola, com outros professores com os quais sintas proximidade por causa da idade, interesses, etc.
- fora da escola, com outros Auxiliares de Conversación. Isto é particularmente útil no princípio; mais adiante podes expandir-te e falar com os habitantes da cidade.*
- na escola, com outros professores com os quais sintas proximidade por causa da idade, interesses, etc.
- Estuda a planta da escola (especialmente se for grande). Não há nada pior do que não saber onde estás, onde são as casas de banho ou onde é o Departamento, num corredor repleto de alunos a olhar para ti.*
- Pede algumas aulas de observação (de diferentes disciplinas) antes de começares as tuas. Vê como as aulas se desenrolam, como as actividades são levadas a cabo, como as salas de aula são geridas, etc. Tira notas, compara com a tua experiência, discute questões mais tarde, etc.*
- Pergunta sempre com antecedência aos professores o que esperam de ti em relação às aulas com os alunos. Faz com que os professores planeiem o teu trabalho com antecedência (sugere-lhes trabalhar com algumas semanas de antecedência). É o melhor para todos.*
- Procura saber como funcionam os equipamentos tecnológicos o mais cedo possível.*
- Procura conhecer os teus alunos; quanto mais depressa decorares os seus nomes, melhor. Trata-os sempre com respeito e, na Educação Secundária, com cuidado, uma vez que as suas idades são muito próximas às tuas e eles vão ver-te mais como um amigo do que como um professor.*
- Pede a todos os professores com quem vais trabalhar uma cópia do livro que vão usar, assim como os tópicos que vão ser tratados, prazos, etc. Desta forma vais saber o que é que os alunos estão a dar, o que vem a seguir, etc.*
- Localiza onde encontrar recursos do departamento: livro do professor, livros complementares, flashcards, tesouras, cartões, cola, reprodutores de CDs e DVDs, projectores digitais, computadores, scanners, impressoras, etc.*
- Tenta ser falador. É uma das tuas funções e uma das melhores maneiras para aprender e ensinar uma língua.*
- Em dúvida, pergunta. Ninguém pode esperar que faças algo que não sabes.*
- Mantêm um portefólio com as diferentes actividades ou materiais que usas.*
- Mantêm um diário de aulas.*
- Usa a Biblioteca da Escola para requisitar livros, DVDs, entre outros, para o teu próprio usufruto. Também há jornais nacionais e locais na sala dos professores. Se não, tenta na Biblioteca Municipal. Tudo isto pode impulsionar a aprendizagem da língua do país onde estás e são recursos grátis.*
- Mantêm uma atitude positiva e assertiva, já que vão acontecer-te milhares de coisas.*
- Atenção a alguns efeitos montanha-russa nas tuas emoções. Alguns dias vais estar na lua, mas noutros vais sentir-te em baixo sem razão aparente. É perfeitamente normal sentir-se assim quando não se está rodeado dos entes queridos.*
- Os primeiros fins-de-semana são os mais difíceis, porque provavelmente vais estar sozinho. Combina actividades para esses dias com os professores ou Auxiliares de Conversación.*
- Finalmente, lembra-te que pertences a um programa, uma rede de trabalho em equipa dentro e fora da tua escola. Não estás sozinho, puxa o cordelinho certo e alguém amigável vai certamente aparecer.*
PARA AS AULAS:
- No primeiro dia podes começar por apresentar-te e pedir aos alunos que se apresentem. As aulas deles costumam começar antes das tuas, por isso não tens de te preocupar em ensinar nada, quanto muito corriges alguma falha que dêem. Também podes preparar uma apresentação sobre ti em powerpoint e mostrá-la no teu primeiro dia (de onde és, quais os teus interesses, acontecimentos importantes na tua vida, etc.).
- Começa sempre por saber quais os interesses dos alunos. Isto é muito importante porque assim ficas a saber do que gostam e do que não gostam e podes servir-te disso para escolher as actividades que achas que lhes irão cativar mais a atenção. Por exemplo, se gostam de desporto, ensina várias profissões relacionadas com o desporto quando chegar a altura de dar as profissões, ou vários desportos quando chegar a altura dos passatempos. Como é um tema do seu interesse, certamente vão estar mais atentos e podes aproveitar isso para, a partir desse tema, explorar outros, como a pintura, a leitura, a dança, etc.
- Não planeies as aulas sozinho, pede sempre ajuda ao professor. Combinem um dia por semana em que se juntem para decidir como vão ser as próximas aulas. Se possível, combinem as aulas com um mês de antecedência, isto vai dar-te tempo para prepares tudo com calma e não teres surpresas à última da hora (“preciso que faças isto, preciso que faças aquilo”, etc).
- Quando planeias uma aula – com a ajuda do professor – lembra-te do tempo que dispões (normalmente uma hora) e do número de alunos que cada turma tem. Há turmas mais participativas e que não te deixam acabar o que tinhas planeado, mas isto não é necessariamente mau, porque estão a falar contigo, interessados no que estás a dizer, logo, estão a participar na tua aula; se não deste tudo o que tinhas a dar, não faz mal, continuas na próxima aula, já cumpriste a tua função de os pôr a falar e a interagir contigo e o resto da turma. Lembra-te que a tua principal função é pô-los a falar português. Não obstante, também há aquelas turmas “passivas” que se limitam a estar sentadas de braços cruzados e ouvir tudo aquilo que tens para dizer sem sequer abrir a boca, o que faz com que aquilo que tinhas planeado para uma hora termine em meia. Para que isto não aconteça, ao longo da aula vai perguntando se estão a perceber, fá-los repetir por palavras suas o que acabaste de dizer, faz-lhes perguntas de experiências pessoais relacionadas com o tema que estão a dar, espicaça-os a falar, a comentar; e lembra-te que não estás sozinho e que o teu professor também vai intervir e fazer com que os alunos cooperem contigo.
- Corrigir os erros dos alunos é algo que exige um pouco de tacto, e isto porque há alunos que não se importam de ser corrigidos e aqueles que ficam muito envergonhados e não querem continuar porque ficam com medo de errar mais e serem gozados pelos seus colegas. Na área do ensino de língua estrangeira, sugere-se que nos níveis elementares não se corrija o aluno, ou seja, que o deixemos falar até ao fim e que só então lhe digamos que erros deu. Não há uma norma, passa muito por aquilo que consegues depreender do aluno. Por exemplo, com os alunos mais extrovertidos eu fazia questão de interromper aquilo que estavam a dizer e corrigir e eles continuavam sem qualquer problema; muitas vezes até interrompia três vezes para dizerem com a pronúncia correcta e eles repetiam e repetiam e eram ajudados pelos outros alunos, que estavam atentos e usavam aquela “crítica” como construtiva para eles próprios. Já com os alunos mais envergonhados eu acabava por seguir a regra de dizer tudo no fim, principalmente nas avaliações orais. Se estavam a falar expontaneamente, apenas corrigia a pronúncia e aproveitava essas ocasiões para que a turma toda aprendesse a pronúnciar a palavra de maneira correcta. Todas as situações de erro são situações de aprendizagem, é preciso é saber manejá-las bem para que o aluno não fique com medo de falar e a turma aproveite para aprender algo mais.
- É provável que fiques em mais de uma escola. Por isso, aproveita os materiais que fizeres para uma e usa-os também na outra. Quais são os pontos positivos? Já os usaste uma vez, já estás mais familiarizado com eles, podes melhorar aquilo que não resultou bem e tens mais tempo livre.
- Quando tu e o professor estiverem a dar gramática, pede sempre para os alunos darem exemplos. Por exemplo, enquanto estavamos a dar os artigos, pedi a uma menina que desse um exemplo com o artigo definido masculino do singular e ela disse “O meu namorado chama-se Sérgio.” Ela podia ter inventado outra coisa qualquer, mas lembrou-se disto e foi um bom momento de descontração para a turma.
- Passar uma aula inteira a conversar com os alunos (mesmo que seja sobre “nada”) não é mau. O importante e indispensável é que falem em português, de resto podem falar sobre o que vos apetecer (a alunos, auxiliar, professor). Serve para descontrair dos momentos de “gramática-chata” e aproveitar para explorar um tema e praticar a oralidade.
- Faz jogos sempre que puderes. Ninguém gosta de rotina e se estamos a aprender algo novo e é tudo monótono acabamos por perder o interesse, por isso surpreende com jogos diferentes sempre que for boa altura.
- Uma boa sugestão é o jogo da forca. Se estiverem a tratar do tema das profissões, selecciona aquelas mais importantes, assim como os utensílios de que se servem. Depois, divide a turma em duas equipas e, no quadro, desenha duas forcas. Finalmente, faz um risco no quadro para cada letra da palavra. Cada vez que errarem uma letra, desenha na forca uma cabeça, um pescoço, um braço, etc. até chegar ao pé. Ganha a equipa que acertar na palavra antes do bonequinho estar completamente enforcado. Também vão estar a praticar o alfabeto e a maneira como pronunciam as letras.
- Outro jogo divertido para as profissões é o jogo da mímica. Chama um a um ao quadro e sussurra ao seu ouvido o nome da profissão que vão ter de imitar. O resto da turma tem de tentar adivinhar, através dos gestos do colega, a profissão em questão. Este jogo possibilita a prática oral e a aquisição de vocabulário, uma vez que para tentarem acertar vão estar a dizer várias profissões.
- Uma boa sugestão é o jogo da forca. Se estiverem a tratar do tema das profissões, selecciona aquelas mais importantes, assim como os utensílios de que se servem. Depois, divide a turma em duas equipas e, no quadro, desenha duas forcas. Finalmente, faz um risco no quadro para cada letra da palavra. Cada vez que errarem uma letra, desenha na forca uma cabeça, um pescoço, um braço, etc. até chegar ao pé. Ganha a equipa que acertar na palavra antes do bonequinho estar completamente enforcado. Também vão estar a praticar o alfabeto e a maneira como pronunciam as letras.
- Jogar às adivinhas é mais educativo do que se pode pensar. Às vezes as horas das aulas são más, ou porque é muito cedo e ainda estão a dormir ou porque já está na hora do almoço e como estão cheios de fome já não prestam atenção a nada. É uma óptima forma de quebrar a rotina das aulas e de praticar vocabulário. Começa sempre pelas mais simples: aquelas cujo vocabulário é acessível e resposta é de apenas uma palavra. Diz sempre devagarinho de modo a que percebam todas as palavras e pede para que digam por palavras suas o que entenderam. Depois, passa para as mais “complicadas” ou “traiçoeiras”. Se a resposta pertence à área da alimentação, diz-lhes isso, eles vão dizer todas as palavras que já aprenderam. Podes ir especificando, por exemplo ao dizer que é uma fruta ou um vegetal, e aí eles dizem-te todas as frutas e vegetais que conhecem. E se o disserem na sua língua de origem, diz que não percebes e que queres que te expliquem como é, a que sabe, etc. Vai chegar a uma altura em que eles próprios te fazem adivinhas na sua língua, como esta: “Oro parece, plata no es”. Consegues adivinhar? É a banana (plata-no-es; “parece ouro, banana é”).
- Lembra-te que além de estares a formar alunos, também participas na actualização do português do professor, por isso fala sempre, sempre em português e não deixes que caia na preguiça de falar em espanhol, mesmo que use a desculpa de estar cansado. Podem combinar, por exemplo, umas horas por semana em que tu lhe ensinas português e ele te ensina espanhol.
- Recorda que o português não é só de Portugal, é de todos os países que o falam, por isso mostra-lhes cantores, escritores, actores e desportistas de todos os países de língua portuguesa. De certeza que vão achar interessante ver a diversidade de pessoas que têm o português como sua língua materna.
- Quando estiverem a dar a caracterização física e psicológica, mostra-lhes personalidades lusófonas e pede-lhes que as descrevam. É uma forma de praticarem o que estão a dar e ao mesmo tempo tomarem contacto com a cultura dos países de língua portuguesa.
- Inventa actividades para divulgar a leitura em português. Eu achei boa ideia fazer uma “Biblioteca da Turma – Biblioteca do Português”. Fiz uma ficha com vocabulário sobre o livro (capa, contra-capa, lombada, etc.), outra sobre os direitos do leitor e ainda um contrato de leitura com as regras de funcionamento da Biblioteca. Decide de quanto em quanto tempo é que devem ler um livro; como é que vão adquirir os livros (eu contactei algumas editoras e pedi-lhes livros em português porque a nossa escola e os alunos não tinham dinheiro) e como é que os vão apresentar à turma. Normalmente fazem uma apresentação oral e uma ficha de leitura, mas também podem fazer trabalhos manuais, explorar um tema do livro e fazer um cartaz para afixar na escola, um powerpoint, um folheto, etc.
- Os alunos podem achar que ler é uma actividade solitária e uma “seca”, por isso mostra-lhes o contrário. Leiam em conjunto na sala de aula, leiam no pátio da escola, vão para um jardim perto da escola, sentem-se na relva e leiam, as possibilidades são múltiplas. Depois de ter lido um livro em que a autora dizia que na Argentina se dava um pouco de mel às crianças depois de estas começarem a ler, para associarem a leitura a uma coisa boa, decidi experimentar o mesmo e depois da primeira aula de leitura conjunta, ofereci-lhes chocolates e acho que ficaram desejosos por ter a seguinte aula de leitura.
- Faz de intermediário entre a tua escola e a Biblioteca Municipal portuguesa mais próxima para que não seja necessário gastar dinheiro em livros e possam requisitá-los lá.
- Diz aos responsáveis pela gestão do orçamento da escola que aproveitar as promoções de Natal da Fnac, Bertrand e Wook é uma boa oportunidade para comprarem livros a 2€ e ainda ficarem com algum saldo acumulado por terem feito essas compras.
- Fazer um Jornal da Turma pode ser outra actividade interessante. E por que não um jornal digital? Comecei a planear esta actividade, mas nunca a chegámos a fazer em aula. Primeiro, debatam o que é ou devia ser um jornal (em que suportes existem [papel, digital], qual a sua função [informar, etc]), depois leva para as aulas alguns jornais portugueses e pede que identifiquem algumas secções e o tamanho que acham que deveriam ter. De seguida, ensina-os a escrever algumas secções, como resumos, notícias, entrevistas, publicidade, etc. Finalmente, reúnam todos os trabalhos que fizeram ao longo do ano e publiquem o jornal (podem recorrer a software grátis na Internet).
- Procura artigos para debate em aula. Tenta que sejam do interesse dos alunos; desporto não é nada mau, podes explorar os temas do dopping, por exemplo, e passar para boas práticas desportivas, vitaminas, vida saudável, etc.
- Interage, sempre que puderes, com outras escolas e Auxiliares de Conversación de português (e de outras línguas). Organizem actividades conjuntas, visitas de estudo, concursos gastronómicos, festas de divulgação da língua portuguesa, etc. O que importa é que tu conheças outras pessoas que estão na mesma situação que tu e que uses isso em teu proveito e dos teus alunos, porque eles próprios vão beneficiar ao conhecer outros alunos de português.
- Faz actividades relacionadas com o dia de tal e tal. Por exemplo, no Dia de São Martinho aproveita para falar das tradições portuguesas, esclarece vocabulário e ensina-lhes alguns provérbios como “No dia de São Martinho vai à adega e prova o vinho”. Pede-lhes para compararem com o seu país e dizer se lá também é assim, se não, o que é que se faz, etc.
- Divulga a música portuguesa. Mostra-lhes videoclips de cantores portugueses, dá-lhes a letra com espaços em branco e pede para preencherem enquanto ouvem a música. No fim, cantem todos juntos. Escolher músicas de outras variedades (como o Português do Brasil, de Angola, etc.) é sempre boa ideia, mas como estão habituados ao sotaque do Português Europeu, não esperes que percebam tudo ou que conheçam todo o vocabulário.
- Sempre que quiseres fazer alguma actividade com os alunos, repete mil vezes para não se esquecerem de preparar as coisas em casa e não se esquecerem dos materiais. Vão usar esta desculpa quando estiverem a ser avaliados e assim cortas o mal pela raíz.
- Pensa em actividades dinâmicas e não em exercícios escritos para os alunos praticarem gramática ou reverem matéria. Habituados a fazer exercícios e ler o manual já eles estão, por isso sê inovador e encontra actividades que os façam usar esses conteúdos em situações reais.
- É difícil encontrar no Youtube vídeos que ensinem e possibilitem a prática da pronúncia do português europeu. Por que é que não fazes uns novos e além de os usares nas tuas aulas ainda divulgas com o resto da comunidade que ensina português?
- Não te fartas de rir daquelas secções dos programas que mostram fotografias de anúncios mal escritos? Por que não fazes umas compilações para as tuas aulas e pedes aos teus alunos para encontrarem o erro e corrigirem?
- Pede aos professores para participares nas suas formações, muitas vezes basta apenas que eles peçam à organização para que possas participar. Se puderes, pede também um certificado. Tudo o que possas incluir no teu curriculum é útil.
- Divulga a língua portuguesa. A ideia que eu encontrei foi fazer um panfleto. Coloquei curiosidades (qual a maior palavra, qual o dia da língua portuguesa, quais os prémios Nobel), os principais dados económicos (a língua mais falada no hemisfério sul, a terceira no mundo ocidental), as actividades que as escolas fazem (visitas de estudo, trabalhos manuais) e fotografias dos alunos a fazerem essas actividades. Aproveitámos uma das aulas para traduzir o panfleto para a língua de origem dos alunos e assim ficou metade em português e metade em espanhol. Outra secção que incluímos estava composta por frases que os alunos tiveram de escrever sobre a língua portuguesa e as actividades dentro das aulas. Algo que podes fazer é distribuir o panfleto pelas escolas primárias com alguns alunos e pedir que falem das suas experiências pessoais com o português e aquilo que fazem nas aulas. Além disso, também podes ensinar os novos alunos a apresentarem-se e mostrar-lhes alguns falsos amigos (não só descontrai o ambiente como eles vão ficar interessados). Outra opção é esperares que os pais dos futuros alunos vão visitar a tua escola e nessa altura aproveita para mostrares um vídeo do turismo de Portugal, outro de alguns testemunhos feitos pelos alunos, distribuir o panfleto e explicar o que costumam fazer nas aulas (aproveita, também, para decorares a sala com os trabalhos que os alunos fizeram ao longo do ano).
- Quando vires que os alunos não estão a perceber o que dizes, não traduzas logo a palavra: modera a velocidade, usa vocabulário simples, reformula o que disseste, recorre à paráfrase, à repetição, a gestos, a mímica, a desenhos, etc.**
- Integra-te no teu Departamento, conhece os professores, usa as salas de professores, usa os computadores, usa todo o tipo de materiais que estejam à disposição dos professores. Não precisas de levar o teu portátil para as aulas para exibir este ou aquele powerpoint, pede ao professor para encontrar uma sala com projector. Nem precisas de estar sempre fechado em casa a trabalhar, usa a escola para o fazer, enquanto conheces outras pessoas.
- Aponta todas as ideias que te passem pela cabeça, mesmo as mais descabidas. São sempre úteis. Com o tempo podes ir aperfeiçoando-as e quem sabe se não as usas mesmo? Fala com o teu professor, com professores de outros departamentos, com outros Auxiliares de Conversación de outras escolas, divulga as tuas ideias, promove-as.
COMPORTAMENTOS A EVITAR:
- Se vais ausentar-se da escola por alguma razão em particular, avisa com antecedência. Os Auxiliares de Conversación que não o fazem dão uma imagem muito negativa de si próprios.*
- Estás num país novo, mas isso não significa que só viajes e deixes o trabalho de lado. Há tempo para tudo.
* adaptado de Consejería de Educación. Junta de Andalucía. Guía Informativa para Centros com Modalidad de Enseñanza Bilingüe. 1ª Edição.
** adaptado de Ministerio de Educación, Cultura y Deporte. Secretaría de Estado de Educación, Formación Profesional y Universidades. Guía para Auxiliares de Conversación Extranjeros en España 2012/2013.
*** sugestões presentes em SCOBLING, Candy. El Auxiliar de Conversación como herramienta de motivación en la enseñanza y aprendizaje de lenguas extranjeras en la educación secundaria y bachillerato en España. Trabalho de conclusão de mestrado em Formação de Professores de Ensino Secundário com especialidade em inglês. 22 de Junho de 2011.
** adaptado de Ministerio de Educación, Cultura y Deporte. Secretaría de Estado de Educación, Formación Profesional y Universidades. Guía para Auxiliares de Conversación Extranjeros en España 2012/2013.
*** sugestões presentes em SCOBLING, Candy. El Auxiliar de Conversación como herramienta de motivación en la enseñanza y aprendizaje de lenguas extranjeras en la educación secundaria y bachillerato en España. Trabalho de conclusão de mestrado em Formação de Professores de Ensino Secundário com especialidade em inglês. 22 de Junho de 2011.